AULA
2 – O que é o Batismo no Espírito Santo?
O que João
queria dizer quando disse: “Isto ele
disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois
o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda
glorificado”? (Jo 7.39).
João não
queria dizer que no AT ninguém experimentou do Espírito (Sl 110.1; Mt 12.36).
Há o entendimento que as obras dos reis e profetas eram operações do ES (2 Sm
23.2; Ne 9.30; Mt 22.43). É evidente que se refere a certas obras do ES que não
eram conhecidas nas dispensações anteriores (Sl 139).
Por que
certas características não eram conhecidas? Myer Pearlman explica do seguinte
modo:
1) O Espírito ainda não havia sido dado como
o Espírito do Cristo crucificado e glorificado. Essa missão do Espírito não
podia iniciar-se enquanto a missão do Filho não terminasse e elevado aos céus.
Jesus tinha que assumir a posição de Advogado dos homens na presença de Deus.
Ainda não havia subido aonde estivera antes da encarnação (João 6:62), e ainda
não estivera com o Pai (João 16:7; 20:17), não podia haver uma presença
espiritual universal antes que fosse retirada a presença na carne, e o Filho do
homem fosse coroado na sua exaltação à destra de Deus. O Espírito foi guardado
nas mãos de Deus aguardando esse derramamento geral, até que o Cristo vitorioso
o reivindicasse a favor da humanidade.
2) Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito
não era dado universalmente, mas, de modo geral limitado a Israel, e concedido
segundo a soberana vontade de Deus a certos indivíduos, como sejam: profetas,
sacerdotes, reis e outros obreiros em seu reino. Mas na presente época ou
dispensação o Espírito está ao dispor de todos, sem distinção de idade, sexo ou
raça. Nesta relação nota-se que o Antigo Testamento raramente se refere ao
Espírito de Deus pela breve designação "o Espírito". Lemos acerca do "Espírito
de Jeová " ou "Espírito de Deus". Mas no Novo Testamento o
título breve o "Espírito" ocorre com muita frequência, sugerindo que
suas operações já não são manifestações isoladas, mas acontecimentos comuns.
3) Alguns eruditos crêem que a concessão do
Espírito nos tempos do Antigo Testamento não envolve a morada ou permanência do
Espírito, que é característica do dom nos tempos do Novo Testamento. Eles
explicam que a palavra "dom", implica possessão e permanência, e que
nesse sentido não havia Dom do Espírito no Antigo Testamento. É certo que João
Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e isso implica
uma unção permanente. Talvez esse e outros casos semelhantes poderiam ser
considerados como exceções à regra geral. Por exemplo, quando Enoque e Elias
foram transladados, foram exceções à regra geral do Antigo Testamento, isto é,
a entrada na presença de Deus era por meio do túmulo e do Seol (o reino dos
espíritos desencarnados).
a. O derramamento do ES era uma promessa do
AT
“Então, aspergirei
água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro
de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de
carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez
36.25-27)
O projeto
de Deus era que todos andassem segundo sua lei. Era nítida a incapacidade de
realizarem obras de justiça, pois a natureza estava corrompida. Que a
obediência fosse maximizada pela efusão do ES. Ou seja, Deus é o agente direto
que capacita o homem a obedecê-lo (Pv 1.23; Is 44.3; Ez 39.29; Os 5.10; Jl
2.28,29; Zc 12.10; At 2.17).
Quando o
Espírito Santo foi derramado sobre a igreja no Pentecostes, Pedro proclamou que
a profecia de Joel 2.28-32 fora cumprida (At 2.16-18).
b. O ES e o revestimento de poder
Como já
foi dito em outras partes deste material, deve ser ressaltado que o poder não é
uma força impessoal, mas uma pessoa, logo o revestimento é um relacionamento
que se desenvolve de forma progressiva.
Consideremos
alguns aspectos na dotação de poder do ES. Veremos o caráter geral e especial,
as evidências de sua manifestação, seu aspecto contínuo e a maneira de sua
recepção.
Em Atos 1:8
é apresentada a promessa “Mas recebereis
a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas”.
A característica principal dessa promessa é poder para servir. Ou seja, o
regenerado é capacitado com poder para servir, neste caso testemunhar de
Cristo. É claro que as palavras foram direcionadas para aqueles que já
mantinham relação íntima com Cristo. Logo, o revestimento é poder espiritual
para o propósito de pregar (Mt 10.1; At 2.32).
Outra
questão relevante, mas que é interpretada de forma equivocada é a questão do
batismo com fogo, “Eu vos batizo com
água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do
que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito
Santo e com fogo” (Mt 3.11). Quando a palavra “batismo” é aplicada à
experiência espiritual, é usada figurativamente para descrever a imersão no
poder vitalizante do Espírito Divino. Mas o problema é a aplicação do fogo.
Entende-se no contexto bíblico “fogo” como juízo. O princípio dos princípios de
interpretação, a Hermenêutica Bíblica é que “A Bíblia interpreta a própria
Bíblia”. O fogo nas Escrituras sempre está ligado a purificação, mas João
Batista pode está incluindo o termo fogo de maneira simbólica, para enfatizar
os seus aspectos, ilustrando as ministrações do Espírito: iluminação, fervor,
purificação, etc. Ser batizado com fogo inclui a ideia de purificação dos
pecados pelo fogo do ES, e iluminação e fervor. No entanto a ênfase não está no
termo fogo, mas no batismo com o “Espírito Santo” como os outros evangelhos
afirmam (Mc 1.8; Jo 1.33).
Quanto a
evidencia do Batismo com o ES, alguns teólogos consideram que revestimento de
poder é uma experiência suplementar e subsequente à conversão (1 Co 12.3) cuja
manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar em língua por ele nunca
aprendida (Mc 16.17; At 2.4; 10.46; 1 Co 12.10,28,30; 14.5,6,18,21-23,39).
Outros teólogos já dizem que há muitos cristãos que conhecem o Espírito Santo
em seu poder regenerador e santificador, sem terem falado em outras línguas.
Porém o que é comum a ambos os grupos é que uma pessoa não pode ser cristã sem
ter o Espírito, isto é, ser habitação do Espírito. “Se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Espírito de Cristo significa
o Espírito Santo (1 Pe 1:11; Rm 5.5; 8.14, 16; 1 Co 6.19; Gl 4.6; 1 Jo 3.24;
4.13).
c. O aspecto contínuo do relacionamento com
o ES
A
experiência de ser “cheio do Espírito” está ligada ao poder para servir (Is 61.1-3;
At 1.8).
Todo
serviço prestado a Deus deve ser realizado por meio do seu ES (Mt 28.19,20; At
6.3; 7.55; 11.24). O ES é uma pessoa, logo o “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18)
relaciona-se a obediência, pois o ES “Deus deu àqueles que lhe obedecem” (At 5.32).
Se há um relacionamento progressivo e contínuo é necessário o cuidado para não
entristecer o ES (Ef 4.30).
*Material compilado e editado apartir da apostila do Pr. Leonardo Ribeiro.
- BIBLIOGRAFIA:
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Trad. Felipe
Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva (site Monergismo.com)
GEISLER, N. & TUREK F. Não tenho fé suficiente para ser ateu.
Trad. Emison Justino. São Paulo: Ed. Vida, 2006.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Trad. Norio
Yamakami. Ed. Vida Nova. São Paulo,
1999.
LANGSTON, A. B. Esboço de teologia sistemática. 3ª Ed.
Rio de Janeiro: JUERP. 1999.
LEWIS, C. S.. Cristianismo puro e simples. Trad.
Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolia. Edição revista e ampliada. São
Paulo: Martins Fontes, 2005.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das
origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Trad. Lawrence Olson. 1ª ed. São
Paulo. Vida. 1999.

Nenhum comentário:
Postar um comentário