Aula 23/02/13 - Escola Bíblica IMW Areal


AULA 2 – O que é o Batismo no Espírito Santo?

          O que João queria dizer quando disse: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”? (Jo 7.39).
          João não queria dizer que no AT ninguém experimentou do Espírito (Sl 110.1; Mt 12.36). Há o entendimento que as obras dos reis e profetas eram operações do ES (2 Sm 23.2; Ne 9.30; Mt 22.43). É evidente que se refere a certas obras do ES que não eram conhecidas nas dispensações anteriores (Sl 139).
          Por que certas características não eram conhecidas? Myer Pearlman explica do seguinte modo:
1) O Espírito ainda não havia sido dado como o Espírito do Cristo crucificado e glorificado. Essa missão do Espírito não podia iniciar-se enquanto a missão do Filho não terminasse e elevado aos céus. Jesus tinha que assumir a posição de Advogado dos homens na presença de Deus. Ainda não havia subido aonde estivera antes da encarnação (João 6:62), e ainda não estivera com o Pai (João 16:7; 20:17), não podia haver uma presença espiritual universal antes que fosse retirada a presença na carne, e o Filho do homem fosse coroado na sua exaltação à destra de Deus. O Espírito foi guardado nas mãos de Deus aguardando esse derramamento geral, até que o Cristo vitorioso o reivindicasse a favor da humanidade.
2) Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito não era dado universalmente, mas, de modo geral limitado a Israel, e concedido segundo a soberana vontade de Deus a certos indivíduos, como sejam: profetas, sacerdotes, reis e outros obreiros em seu reino. Mas na presente época ou dispensação o Espírito está ao dispor de todos, sem distinção de idade, sexo ou raça. Nesta relação nota-se que o Antigo Testamento raramente se refere ao Espírito de Deus pela breve designação "o Espírito". Lemos acerca do "Espírito de Jeová " ou "Espírito de Deus". Mas no Novo Testamento o título breve o "Espírito" ocorre com muita frequência, sugerindo que suas operações já não são manifestações isoladas, mas acontecimentos comuns.
3) Alguns eruditos crêem que a concessão do Espírito nos tempos do Antigo Testamento não envolve a morada ou permanência do Espírito, que é característica do dom nos tempos do Novo Testamento. Eles explicam que a palavra "dom", implica possessão e permanência, e que nesse sentido não havia Dom do Espírito no Antigo Testamento. É certo que João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e isso implica uma unção permanente. Talvez esse e outros casos semelhantes poderiam ser considerados como exceções à regra geral. Por exemplo, quando Enoque e Elias foram transladados, foram exceções à regra geral do Antigo Testamento, isto é, a entrada na presença de Deus era por meio do túmulo e do Seol (o reino dos espíritos desencarnados).
a.  O derramamento do ES era uma promessa do AT
“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36.25-27)
          O projeto de Deus era que todos andassem segundo sua lei. Era nítida a incapacidade de realizarem obras de justiça, pois a natureza estava corrompida. Que a obediência fosse maximizada pela efusão do ES. Ou seja, Deus é o agente direto que capacita o homem a obedecê-lo (Pv 1.23; Is 44.3; Ez 39.29; Os 5.10; Jl 2.28,29; Zc 12.10; At 2.17).
          Quando o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja no Pentecostes, Pedro proclamou que a profecia de Joel 2.28-32 fora cumprida (At 2.16-18).
b.  O ES e o revestimento de poder
          Como já foi dito em outras partes deste material, deve ser ressaltado que o poder não é uma força impessoal, mas uma pessoa, logo o revestimento é um relacionamento que se desenvolve de forma progressiva.
          Consideremos alguns aspectos na dotação de poder do ES. Veremos o caráter geral e especial, as evidências de sua manifestação, seu aspecto contínuo e a maneira de sua recepção.
          Em Atos 1:8 é apresentada a promessa “Mas recebereis a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas”. A característica principal dessa promessa é poder para servir. Ou seja, o regenerado é capacitado com poder para servir, neste caso testemunhar de Cristo. É claro que as palavras foram direcionadas para aqueles que já mantinham relação íntima com Cristo. Logo, o revestimento é poder espiritual para o propósito de pregar (Mt 10.1; At 2.32).
          Outra questão relevante, mas que é interpretada de forma equivocada é a questão do batismo com fogo, “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11). Quando a palavra “batismo” é aplicada à experiência espiritual, é usada figurativamente para descrever a imersão no poder vitalizante do Espírito Divino. Mas o problema é a aplicação do fogo. Entende-se no contexto bíblico “fogo” como juízo. O princípio dos princípios de interpretação, a Hermenêutica Bíblica é que “A Bíblia interpreta a própria Bíblia”. O fogo nas Escrituras sempre está ligado a purificação, mas João Batista pode está incluindo o termo fogo de maneira simbólica, para enfatizar os seus aspectos, ilustrando as ministrações do Espírito: iluminação, fervor, purificação, etc. Ser batizado com fogo inclui a ideia de purificação dos pecados pelo fogo do ES, e iluminação e fervor. No entanto a ênfase não está no termo fogo, mas no batismo com o “Espírito Santo” como os outros evangelhos afirmam (Mc 1.8; Jo 1.33).
          Quanto a evidencia do Batismo com o ES, alguns teólogos consideram que revestimento de poder é uma experiência suplementar e subsequente à conversão (1 Co 12.3) cuja manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar em língua por ele nunca aprendida (Mc 16.17; At 2.4; 10.46; 1 Co 12.10,28,30; 14.5,6,18,21-23,39). Outros teólogos já dizem que há muitos cristãos que conhecem o Espírito Santo em seu poder regenerador e santificador, sem terem falado em outras línguas. Porém o que é comum a ambos os grupos é que uma pessoa não pode ser cristã sem ter o Espírito, isto é, ser habitação do Espírito. “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Espírito de Cristo significa o Espírito Santo (1 Pe 1:11; Rm 5.5; 8.14, 16; 1 Co 6.19; Gl 4.6; 1 Jo 3.24; 4.13).
c.  O aspecto contínuo do relacionamento com o ES
          A experiência de ser “cheio do Espírito” está ligada ao poder para servir (Is 61.1-3; At 1.8).
          Todo serviço prestado a Deus deve ser realizado por meio do seu ES (Mt 28.19,20; At 6.3; 7.55; 11.24). O ES é uma pessoa, logo o “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18) relaciona-se a obediência, pois o ES “Deus deu àqueles que lhe obedecem” (At 5.32). Se há um relacionamento progressivo e contínuo é necessário o cuidado para não entristecer o ES (Ef 4.30).
 *Material compilado e editado apartir da apostila do Pr. Leonardo Ribeiro.

- BIBLIOGRAFIA:
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva (site Monergismo.com)
GEISLER, N. & TUREK F. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Trad. Emison Justino. São Paulo: Ed. Vida, 2006.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Trad. Norio Yamakami. Ed. Vida Nova. São Paulo, 1999.
LANGSTON, A. B. Esboço de teologia sistemática. 3ª Ed. Rio de Janeiro: JUERP. 1999.
LEWIS, C. S.. Cristianismo puro e simples. Trad. Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolia. Edição revista e ampliada. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Trad. Lawrence Olson. 1ª ed. São Paulo. Vida. 1999.

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