Aula 16/02/13 - Escola Bíblica IMW Areal



 Estarei publicando semanalmente as aulas da Escola Bíblica da IMW Areal.

Segue a primeira aula sobre o tema "Espírito Santo", ministrada em 16/02/2013.



AULA 1 – Quem é o Espírito Santo?

I. INTRODUÇÃO
          Quando se fala sobre o Espírito Santo (ES) é nítida a diferenciação realizada por teólogos de origem reformada e dos pentecostais. Os teólogos reformados, de forma clara, não fazem uma análise profunda sobre a pessoa do ES e sua ação sobre as pessoas e igreja. Podemos citar o autor Vincent Cheung que nem mesmo separa uma parte de seu trabalho para comentá-lo. Em outros casos, apenas citam como a terceira pessoa da trindade reservando apenas um pequeno tópico se comparado às outras pessoas da trindade.
          Contrário à postura tradicionalista, os pentecostais, conseguem perceber em todo Novo Testamento, com raras exceções, as referências e a atuação do ES. O teólogo pentecostal Myer Pearlman afirma que “doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo lugar que ocupa nas Escrituras, está em primeiro lugar entre as verdades redentoras” (1999, p. 177). Ou seja, ele inclui o ES no trabalho de redenção efetuado.
          John Wesley apresenta a importância do ES quando narra seu encontro com o Senhor e afirma que “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), porém sempre numa perspectiva soteriológica.
          O teólogo Batista Langston afirma que “o Espírito Santo que tem que aplicar a obra feita por Jesus aos corações dos homens” (1999, p.252). Sua analise concebe o trabalho do ES como um testemunho no coração do homem a respeito da obra de Jesus.
          O aprofundamento no conhecimento do ES nos conduzirá a um relacionamento mais profundo com essa pessoa da trindade, além de abandonar os exageros de vê-lo como um poder impessoal (postura pentecostal e neopentecostal), e vê-lo sem valor de dinamizar as pessoas como uma pessoa que dinamiza a igreja.



II. O ESPÍRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA)
          Na teologia o termo ES é aplicado à terceira pessoa da Trindade. A posição da IMW quanto ao ES afirma que Ele não é apenas um fôlego, sopro ou influência, mas é uma pessoa. O termo no hebraico é “Ruach”, no grego é “Pneuma” que significam “soprar”, “respirar”, por isso podem ser traduzidos por “sopro” ou “fôlego” (Gn 2.7; 6.17; Ez 37.5,6 ou “vento”, Gn 8.1: 1 Rs 19.11: Jo 3.8). No AT geralmente emprega-se os termos “Espírito”, “Espírito de Deus” ou “Espírito do Senhor”. Mas a designação do “Espírito Santo” como a terceira pessoal da Trindade só se deu no NT (Berkhof).
          O ES não teve sua personalidade definida com tanta clareza nas Escrituras, como no caso do Filho devido sua manifestação visível no tempo e espaço, por isso se diz que “a personalidade do Espírito Santo muitas vezes foi posta em questão e, portanto, merece atenção especial” (Jo 14.26; 16.7-11; Rm 8.26) (Berkhof).
a.    Personalidade do ES
          Berkhof diz que há dificuldades quanto a personalidade do ES é devido ao termo “pneuma” ser neutro, mas ele afirma que é utilizado o pronome masculino “ekeinos” em  referência ao Espírito Santo em Jo 16.14 e Ef 1.14. Além disso, o nome Paracletos é elucidador quanto sua personalidade e não apenas como alguma influência abstrata, o autor afirma que as provas bíblicas da personalidade do Espírito Santo são suficientes (Jo 14.26; 15.26; 16.7).
b.    Provas Bíblicas do ES
          Se Cristo era o Consolador que estava para partir, a mesma designação é utilizada para o ES (1 Jo 2.1; Jo 14.26; 15.26; 16.7). Nas Escrituras lhes são atribuídas características de pessoa. É claro que o ES exerce os atributos de personalidade: Inteligência/mente (Jo 14.26; 15.26; Rm 8.16,26, 27); vontade (At 16.7; 1 Co 12.11); sentimentos (Is 63.10; Ef 4.30).
          As atividades pessoais lhe são atribuídas demonstram atos próprios de personalidade: Sonda (Gn 1.2), Agir (Gn 6.3), ensina (Jo 14.26; Lc 12.12), clama (Gl 4.6), intercede (Rm 8.26), ordena (At 16.6,7), fala (At 8.29; 13.2; Ap 2.7), testifica (Jo 15.26), entristece (Ef 4.30); revela (2 Pd 1.21; 1 Co 2.10, 11), vivificar (Rm 8.11).
          Somente uma pessoa pode realizar tais coisas, logo o ES não pode ser um simples poder ou influência impessoal. A personalidade é aquilo que possui inteligência, sentimento e vontade; ela não requer necessariamente um corpo.
          Há passagens que distinguem o Espírito do Seu Poder. Paulo fez clara distinção entre o ES e os seus dons (1 Cor. 12:11; Lc 1.35; 4.14; At 10.38; Rm 15.13; 1 Co 2.4).
          Além disso, a falta duma forma definida não é argumento contra a realidade. O vento é real apesar de não possuir forma (Jo 3:8).
          Quanto a relação do ES com as outras pessoas da Trindade, nos é apresentada a ideia que todos são da mesma essência, ou seja, o ES é consubstancial com Eles.
c.    Os nomes do Espírito Santo.
a.  Espírito de Deus. (Lc 11.20)
b.  Espírito de Cristo. (Rm 8.9; Jo 1.12,13; 4.10; 7.38; 14.26; 16.14; Mt 3.11)
c.   O Consolador. (Jo 14.16)
d.  Espírito Santo. (At 19.2)
e.  Espírito da promessa. (Ez 36.7; Jl 2.28; Lc 24.49; Gl 3.14)
f.    Espírito da verdade.
g.  Espírito da graça. (Hb 10.29; Zc 12.10)
h.  Espírito da vida. (Rm 8.2; Ap 11.11)
i.    Espírito de adoção; (Rm 8.15)
d.    Símbolos do Espírito.
          Os símbolos servem para ilustrar. Isso é devido à pobreza da linguagem humana. Alguns símbolos são utilizados para descrever os ES e suas operações.
a.  Fogo (Is 4.4; Mt 3.11; Lc 3.16; Jr 20.9).
b.  Vento (Ez 37.7-10: Jo 3.8; At 2.2).
c.   Água (Ex 17.6; Ez 36.25-27; 47:1; Jo 3.5; 4.14; 7.38,39).
d.  Selo (2 Tm 2.19; Ef 1.13; 4.30; Ap 7.3; Rm 8.16).
e.  Azeite (Ex 25.6; 29.7; 30.32; Sl 89.20; Is 1.6; Tg 5.14).
f.    Pomba (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32).


III. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
          A IMW declara que o ES “procede do Pai e do Filho é da mesma substância, majestade e glória, com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus 2 Co 13.13; Mt 28.19”. Nossa declaração de fé afirma a igualdade do ES tanto ao Pai, quanto ao Filho. E enfatiza a sua divindade tal como os demais integrantes da Trindade. E a defesa quanto a divindade do ES gira entorno dos seguintes fatos: Atributos divinos lhe são aplicados; os nomes dados, e obras divinas que lhe são atribuídas.
a.    Atributos divinos do ES
          Para comprovação da divindade do ES também utilizamos a questão dos Atributos que lhes são aplicados: Eternidade (Hb 9.14), Onipresença (Sl 139.7-10), Onipotência (Lc 1.35), e Onisciência (1 Co 2.10,11).
b.    Obras divinas do ES
          As obras realizadas por Deus também lhes são atribuídas: Criação (Gn 1.2), Regeneração (Jo 3.3-8), ressurreição (Rm 8.11), distribuição de dons aos homens (1 Co 12.4-6), Batismo em seu nome (Mt 28.19), Palavra dada em nome do Espírito (Ap 1.4).
c.    Nomes divinos do ES
O ES é tomado como Deus (Hb 3.7-9; At 5.3,4; 1 Co 3.16; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
          Como já foi dito, a dificuldade para se formar um conceito do ES é motivado pelas operações do ES serem invisíveis, internas e subjetivas. E outra causa é porque o ES anuncia as outras pessoas da trindade e nunca a si mesmo. Sempre vem em nome de outro (Jo 16.13).

IV. O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO
          O ES é revelado no Antigo Testamento de três maneiras: Como Espírito criador; doador de poder; e regenerador.
a.    Espírito criador
          O ES foi agente criativo como as outras pessoas da trindade, ele participou da glória da criação (Gn 1.2; Jó 26.13; Sl 33:6; 104:30). O ES criou e sustenta o homem (Gn 2.7; Jó 33.4).
b.    Espírito doador de poder
          Com a queda do homem fez-se necessário o trabalho de restauração da parte de Deus. Logo, o homem não podia trabalhar para Deus em sua força, sendo necessária a capacitação do ES sobre os homens de ação, profetas e mestres (Nm 27.8-21; Jz 3.9-10; Nm 11.16,17; Ez 13.2).
          Também é descrito a capacitação para servir ao Senhor (Ex 36.1).
c.    Espírito regenerador
          Há registros da presença do ES no Antigo Testamento, porém não é acentuada, sendo descrito como uma bênção futura em conexão com a vinda do Messias. Isso pode ter sido motivado pela concepção de haver apenas um Deus para Israel, mas ato sacrificial é manifesto sua atuação no coração do ofertante para produzir convicção de pecado, fé, arrependimento e confissão de pecado (Lv 1.3-6).
          Mas mesmo sem ênfase na transformação que é descrita no NT o ES não deixa de ser apresentado como agente transformador no AT (Is 63.10,11; Ne 9.20; Sl 51.11; 143.10). Por isso as Escrituras apresentam a concessão do ES no futuro. Também inclui a ideia do ES como fonte de santidade. Os profetas compreendiam que o derramar do ES capacitaria o povo a ser fiel. Neste caso, Deus purificaria os corações do povo, poria seu Espírito dentro deles, e escreveria a sua lei em seu interior (Ez 36.25-29; Jr 31.34; Jl 2.28). Esse derramar está ligado a vinda do Messias, que seria o ponto culminante o Espírito de Jeová repousando permanentemente na qualidade de Espírito de sabedoria e entendimento, de conhecimento e temor santo, conselho e poder. Ele seria o Profeta perfeito que proclamaria as Boas-Novas de libertação, de cura divina, de consolo e de gozo, implantando o Reino de Deus (Mt 3.11,17). Em outras palavras, João Batista concebe que o Messias é o Doador do Espírito Santo. Foi isso que o assinalou como o Messias ou o Fundador do Reino de Deus. Também a vinda do ES está associada com a partida de Cristo (Jo 16.7-13); sua glorificação (Jo 7.39); sua morte (Jo 12.23,24; 13.31,33; Lc 24.49). Paulo também fala dessa conexão (Gl 3.13,14; 4.4-6 e Ef 1.3, 7.13,14).
 *Material compilado e editado apartir da apostila do Pr. Leonardo Ribeiro.

- BIBLIOGRAFIA:
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva (site Monergismo.com)
GEISLER, N. & TUREK F. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Trad. Emison Justino. São Paulo: Ed. Vida, 2006.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Trad. Norio Yamakami. Ed. Vida Nova. São Paulo, 1999.
LANGSTON, A. B. Esboço de teologia sistemática. 3ª Ed. Rio de Janeiro: JUERP. 1999.
LEWIS, C. S.. Cristianismo puro e simples. Trad. Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolia. Edição revista e ampliada. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Trad. Lawrence Olson. 1ª ed. São Paulo. Vida. 1999.

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