24 de janeiro de 2011

Erguer os braços

Sou músico, mais precisamente guitarrista, logo, minha veia musical anda muito atrelada ao rock. Como todo adolescente dos anos 90, me amarrava num ritmo musical surgido naquela década que ficou conhecido como New Metal (ou Nu Metal).

Nesse contexto surgiram muitas bandas que obtiveram grande destaque e repercussão mundial. Entretanto, posso destacar uma que, pode-se dizer, foi uma das precursoras do gênero e talvez a maior banda de New Metal de todos os tempos, a banda Korn.

Essa banda sofreu um forte baque no início dos anos 2000, algo que mudou a história daquele grupo para sempre... o guitarrista, Brian Head, converteu-se a Jesus Cristo!

Lembro-me muito bem do dia em que tomei conhecimento de tal fato. Estava em minha sala no trabalho, era final de expediente, mais precisamente naquele horário em que todo servidor público fica desempenhando duas funções primordiais nas suas atribuições à espera do horário de sair: jogando paciência ou navegando pela internet.

Nessas andanças cibernéticas, encontrei o testemunho da conversão de Brian Head e fui muito impactado. Um ponto que me chamou muita atenção foi quando ele narrou a primeira vez que entrou numa igreja evangélica. Ele conta que adentrou a nave da igreja durante o louvor e ficou impressionado com as pessoas cantando com fervor, de olhos fechados e braços erguidos aos céus.
 
E realmente, a cena que ele retrata é algo rotineiro nas congregações mundo a fora. Quando pensamos em adoração ao Senhor logo nos vem à mente a imagem de pessoas com os braços erguidos. Até o site da minha congregação tem, logo na página inicial, uma fotografia tirada durante o louvor em que retrata exatamente essa cena.

Pensando nisso tudo, comecei a me perguntar... porque erguer as mãos?

Tentando chegar à uma resposta me veio à mente algumas imagens...

Imagine uma criança pequena, toda serelepe a brincar com os tios, primos e coleguinhas. Mas basta seu pai chegar que ela prontamente erguer os braços em sua direção e diz em meio a um brilhante sorriso: "Papai!".

Outra situação parecida é quando a criança cai e se machuca. Qual a reação natural dela? Sair desesperada à procura de seu pai, e quando o encontra estende os braços para que ele o pegue no colo.

Quando louvamos ao Senhor estamos é invocando a Sua santa presença. A própria Palavra fala que "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mateus 18.20). Logo, quando o invocamos Ele se faz presente.

Deus sendo um pai amoroso, como Ele de fato é, espera que sejamos como crianças desesperadas pela presença de seu pai, porque sabe que nos seus braços encontraremos paz, conforto, amor e segurança.

Nós temos a tendência a tornar nossa adoração algo comum... a passar o momento de adoração com os braços cruzados, mãos nos bolsos, ou até sentados como se estivessemos em uma reunião de negócios entendiante.

O Senhor espera de nós uma adoração extravagante, sem limites! Uma entrega total!

Chega de ficarmos presos a um formalismo, a um rito. Precisamos ser desesperados pela presença de Deus!

Se você se aproximar do Senhor, desesperado pela Sua presença, de braços erguidos clamando "Papai... eis-me aqui!"... tenha certeza, Ele te ouvirá e virá ao seu encontro! Aleluias!

"Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Salmo 51:17)

Erga seus braços e entregue-se a Ele!

12 de janeiro de 2011

Um simples boa noite


Um hábito que adquiri ainda criança foi o de dar "boa noite" aos meus pais antes de dormir. Ficava no meu quarto brincando, fazendo o dever de casa ou então assistindo televisão até dar sono. Nesse momento trocava de roupa, escovava os dentes e ia ao encontro de meus pai dar-lhes boa noite.

Também fui ensinado de que Deus é uma pessoa. Um amigo especial, e que poderia falar com Ele como falava com meus amiguinhos de escola. Assim, após me despedir de meus pais, deitava na cama, fechava os olhos e falava "Boa noite Senhor, até amanhã".

Tal hábito tenho até hoje, todos as noites dessas quase três décadas de existência repito essa frase antes de dormir, não por religiosidade, mas para lembrar a mim mesmo e ao Senhor de que sei que Ele está ali e do quanto é importante para mim me despedir dele antes de dormir.

Uma madrugada dessas estava trabalhando quando me deparei com uma senhora que havia acabado de ser assaltada logo após sair do ônibus enquanto estava a caminho de sua casa. Ao conversar com ela, em meio ao pranto, me disse: "o que mais me entristece é que sempre chego em casa muito tarde e não encontro meu filho acordado, e justamente hoje eu chegaria mais cedo".

Aquilo me tocou profundamente... O que mais afligia aquela mulher não era ter tido sua vida exposta à risco ao ser rendida por um viciado com uma faca em punho, mas sim não ter conseguido chegar a tempo de dar um beijo de boa noite em seu filho.

Quantas vezes nos importamos mais com as coisas do que com as pessoas? Quantas vezes investimos nossas forças em conquistar o mundo, mas não investimos tempo com as pessoas que amamos?

É muito comum darmos todo nosso tempo útil ao trabalho, estudos, exercícios, etc., mas não damos tempo de qualidade aos nossos amados. E pior ainda, acabamos não dando tempo ao Amado de nossas almas!

Após um dia exaustivo, chegamos em casa, trocamos de roupa, comemos alguma coisa diante da televisão, vamos pegando no sono e quando menos esperamos já dormimos. E ai, demos ao menos boa noite ao Senhor?

Voltando à história daquela vítima do assalto, logo após atendê-la fiquei pensando muito a respeito...

Dar boa noite pode parecer algo insignificante, mera formalidade. Porém, é de profundo significado para ambos os envolvidos. É um momento singelo de intimidade profunda, onde a criança se sente amada, com aquela peculiar sensação de que poderá dormir tranquila, pois há alguém ali para lhe proteger de qualquer mal. Já para os pais, a sensação é exatamente a contramão desse sentimento, é saber que seu filho está seguro, confortável e que confia neles.

O que motivava aquela mãe não era dinheiro, não era sua própria integridade física, mas sim o amor por seu filho. Era o anseio em vê-lo e saber que ele estaria em segurança, era poder chegar a beira de sua cama, dar-lhe um beijo no rosto e dar um simples "boa noite".

Isso logo me fez lembrar do amor de Deus por nós, conforme nos fala na Sua Palavra:
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho único para que todo aquele que Nele crer não pereça mas tenha a vida eterna" (João 3:16)
Meu Deus, que amor é esse?! Ele deu seu próprio filho por nós! E sabem o que O motivou? Assim como aquela mãe, o que motivou e ainda motiva o Senhor é o amor Dele por seus filhos que somos nós!

Deus nos ama imensamente e Ele quer se relacionar pessoalmente conosco. Assim como aquela mãe que ansiava por ver seu filho e dar-lhe boa noite, o Senhor anseia por momentos iguais de profunda intimidade conosco.

Dediquemos ao Senhor tempo de qualidade, orando, meditando na Sua Palavra, adorando-o de todo coração.


Para tornar o Senhor nosso melhor amigo não precisamos de esforços sobrenaturais, basta que permitamos que Ele faça parte do nosso dias, começando com gestos pequenos, como um simples "boa noite"...

8 de janeiro de 2011

Os caçadores da sinceridade perdida


Como um bom cinéfilo, não poderia deixar de ser fã dos filmes do Indiana Jones. Aposto que não há uma pessoa que passou sua infância nos anos 80 e não tem um sentimento nostálgico quando ouve aquela música tema. Quando assisti ao quarto filme, lançado quase vinte anos após o terceiro, parecia que eu tinha oito anos novamente.

Indiana Jones nada mais era que um professor de arqueologia, ou seja, um cientista que estudava as culturas e povos antigos a partir da análise de vestígios materiais. Talvez por isso, em razão de ser filho de pais formados em História, eu tenha essa apreciação maior pelas aventuras desse personagem.

Quando assistimos algum documentário na televisão sobre arqueologia, vemos logo fósseis, escavações, ruínas de cidades, e também vasos... sim, isso mesmo, vasos... aqueles recipientes feitos de barro que serviam para guardar líquidos, em especial, água. Através do estudo dos vasos, os arqueólogos podem compreender costumes, arte, cultura, enfim, o modo de viver dos povos antigos.

Uma curiosidade acerca do vasos é que, na antiguidade, quando eram colocados a venda nos mercados, os comerciantes sempre tinham dificuldade em vender alguns vasos com rachaduras. Tais imperfeições eram decorrentes de um mau preparo do barro ou de não terem sido tomados os cuidados devidos quando ia ao forno.

Como todas as coisas eram bem precárias naquela época, o oleiro, para evitar prejuízo, preenchia as fendas das rachaduras com cera. Dessa forma, quem olhasse desatentamente acreditava que tal vaso estava perfeito e acabava comprando-o. Em razão disso, os compradores mais atentos tinham o hábito de, antes de comprar o vaso, erguê-lo contra o sol, pois com o reflexo do sol as rachaduras seriam expostas, apesar da cera. Daí que dizem surgir a origem da palavra "sinceridade", ou seja, ser "sem cera".

Muitas vezes somos vasos rachados, cheios de pecados. Inumeras vezes incorremos no erro de, ao invés de tratarmos os "pecados" como "pecados", resolvemos tratá-los como "problemas" e passamos cera nas rachaduras para que ninguém perceba. Acamos não sendo sinceros com Deus, com o próximo, e muito menos conosco.

Pois é... dessa forma somos muito bonitinhos para as pessoas, passamos a imagem de "O perfeito", "O modelo", mas na verdade, por dentro, estamos podres e mortos. Nesse sentido Jesus já disse:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia."
(Mateus 23:27)


Não adianta se esconder atrás de títulos, cargos ou aparências, pois:

"(...) nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se."
(Mateus 10:26)


O que Deus quer é que sejamos transparentes, sinceros perante Ele. O Senhor nos ama do jeito que somos, com nossos erros e imperfeições. E nos ama de tanto que não quer que a cada dia sejamos libertos do pecado, pois sendo vasos rachados, não podemos reter a água viva que o Senhor quer derramar em nossas vidas e nunca seremos cheios do Espírito Santo.

Na Bíblia temos uma dica para resolver isso:


"Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar dos pecados e nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1:9).


Dispa-se das máscaras, seja sincero, permita que o Senhor te transforme.

Tire a cera!